sábado, 4 de agosto de 2012

CARTA A UM AMIGO NA TERRA


                                                 Caro companheiro
Compreendo. Você quer saber algo de sua verdadeira situação na Terra.
Quando a pessoa entra nessa grande colônia de tratamento e cura que é a Terra, é convenientemente tratada.
A memória deve funcionar na dose justa, isso é natural.
A permanência aí poderá ser longa e, por isso mesmo, certas medidas se recomendam em favor dos beneficiários.
Atende às instruções desse internato e não se preocupe, em demasia, com os problemas que não lhe digam respeito.
Não se prenda aos seus apetrechos de uso e nem acumule utilidades que deixará
inevitavelmente, quando as autoridades observarem você no ponto de retorno.
Se algum colega de vivência estima criar casos, esqueça isso. Não vale a pena
incomodar-se . 
Ninguém ou quase ninguém passa pela Terra sem dificuldades por superar.
Viva alegre, com a sua consciência tranquila.
Em se achando numa estância de refazimento, é aconselhável manter-se fiel à tarefa que a administração lhe confie.
Procure ser útil, deixando o seu lugar tão melhorado quanto possível, para alguém que aí chegue depois.
Quanto ao mais, considere você e os demais companheiros de convivência e necessidade simplesmente acampados, unidos numa instituição de tratamento oportuno e feliz.
Na Terra você consegue dormir mais tempo, distrair-se na sua faixa temporária de
esquecimento terapêutico, deliciar-se com excelente alimentação, compartilhar de vários jogos e ensaiar muita atividade nobre para o futuro.
Aproveite.  A oportinidade é das melhores.
Descanse e reajuste as próprias forças. 
O trabalho pra você só será serviço mesmo, quando você deixar o seu uniforme  carnal  no vestiário da morte, podendo assim, regressar.

                                                                                                André Luiz

( trecho do livro "Vida em Vida" psic. de Chico Xavier )